sábado, 19 de fevereiro de 2011

Um Universo Lynchado



A hipermodernidade é caracterizada pelo excesso de comunicação, pelo mundo da libertação individual face às ideologias. Somos todos sujeitos e objectos das nossas mundividências...


Lynch desconfia deste mundo perfeito...Assume o outro lado do espelho de Narciso... O bizarro não é uma categoria conceptual, é um modo reflexo, um efeito perverso da crença da omnipotência, omnipresença e omnisciência do homem hipermoderno...que Lynch genialmente manipula através de uma realização fílmica soberba...


O consciente faz implodir o inconsciente e torna o subconsciente o doce tónico da sua fragmentação em universos situados fora do sistema racional...


As pulsões vitais de Eros e Thanatos diluem-se em experimentalismo visuais e sonoros, que desafiam, provocam o espectador comodamente sentado...crente na hipermodernidade...


Nos filmes de David Lynch, o óbvio não existe...Existe um universo simbólico " lynchando", um violino deliberadamente desafinado para nos fazer ver que nada é, mas que vai sendo...


Confrontarmo-nos com essa dimensão plástica e estética de Lynch é obter a catarse da nossa impotência existencial e que o homem tecnologicamente avançado, não passa de um primata em busca da civilização perdida...


Eis que o homem elefante é a mais doce das criaturas subjugada por uma duna extraterrestre de preconceito...Eis que a estrada perdida...não tem fim ....face aos corações selvagens que procuram a redenção na aura de luz...de um Eraser...Para tudo esquecer e voltar a reiventar tudo de novo...


Absurdo?


Absurdo não é a interrogação, é a falta dela ....