segunda-feira, 13 de maio de 2013

SE OS LUSÍADAS FOSSEM ESCRITOS NO SÉCULO XXI...

( Todos os Direitos de Autor Reservados)

CANTO I
1
As taxas e os impostos assinalados,
Que da ocidental praia Lusitana,
Por  orçamentos nunca de antes navegados,
Passaram ainda além da Dívida,
Em perigos e guerras ignorados,
Mais do que prometia a culpa humana,
E entre gente remota enterraram
Novo Reino, que tanto ignoraram;
 
2
 
E também as receitas  gloriosas
Daqueles impunes, que foram dilatando
A  impiedade,  a bolsa  e as terras viciosas
De Europa, da América  e de Ásia vieram para devastar;
E aqueles, que por obras medíocres
Se vão da lei da morte agrilhoando;
Cantando espalharei por toda parte,
Se a tanto me ajudar a incompetência e a manha.
 
3
 
Cessem do condenado  Grego e do Troiano
Os naufrágios  grandes que fizeram;
Cale-se  José  e outros tais...
A fama das vitórias que tiveram;
Que eu canto o peito humilhado Lusitano,
A quem  Cowboy e  Frey  escarnecem :
Cesse tudo o que a Musa antígua canta,
Que outro empréstimo  mais alto se alevanta.
 
4
E vós, Portugueses, pois criado
Tendes em mim um novo  trovador ardente,
Se sempre em verso humilde celebrado
Foi de mim vosso rio tristemente,
Dai-me agora um som alto e sublimado,
Um estilo grandíloquo e corrente,
Porque de vossas águas, Febo ordene
Que não tenham  medo à troikiene
 
5
 
Dai-me uma fúria grande e sonorosa,
E não de agreste avena ou frauta ruda,
Mas de tuba canora e belicosa,
Que o peito acende e a cor ao gesto muda;
Dai-me igual canto aos feitos da famosa
Gente vossa, que a Marte tanto ajuda;
Que se espalhe e se cante no universo,
Se tão sublimes versos cabem  em tabela de preços
 
6
E vós, ó  traiçoeira e temida segurança,
Da Lusitana  liberdade , perdida ficará…
E não menos certíssima esperança
De aumento da pequena produtividade;
Vós, ó novo temor da banca lança,
Maravilha fatal da nossa idade,
Dada ao mundo por Cifrão, que todo o mande,
Para do mundo a cifrão dar parte grande;
 
7
 
Vós, crua e nova crise financeira
De uma árvore de  notas mais amada
Que nenhuma nascida no Ocidente,
Cesárea ou Cristianíssima chamada;
(Vede-o no vosso escudo, que presente
Vos amostra a vitória já passada,
Na qual vos deu por armas, e deixou o euro
As que Ele para si na Cruz tomou)