sábado, 27 de novembro de 2010

VER OU NÃO VER, EIS QUESTÃO?...

Shakespeare no seu famoso livro, Hamlet, com a celébre expressão: " Ser ou não ser", colocava no horizonte humano, a questão da identidade e a possibilidade da sua realização. Actualmente, o paradigma da sociedade e das relações sociais, já não passam pela questão da identidade, mas pelo modelo da visibilidade.

O que existe hoje tem de ser vísivel e tem que ter uma expressão visual. O paradoxo resulta de que a visibilidade a mais, torna-nos invisíveis para os outros. A nivelação dos comportamentos, o uso acrítico das ferramentas sociais, a banalização da imagem e a corrupção inconsciente de sentidos despojam as imagens dos seus significados mais profundos.

Isso manifesta-se no constante uso de desculpas para dizer que não se tem tempo. E a desculpa nasce do oportunismo e do comodismo. Já a justificação exige um processo racional e lógico.

Não temos tempo para ir ao cinema, não temos tempo de ir a um museu, não temos tempo de visitar um amigo no hospital, na solidão, na amargura ou no êxtase.

Vivemos a vida na busca viciante de imagens , de performances, de não lugares que ocupem a ausência e canibalizamos a presença com a fuga do tempo e a dispersão dos espaços.

Concretizando, não nos interrogamos porque é que numa rede social, por exemplo, colocamos uma imagem em vez de outra. Confundimos imagem com identidade e até com busca de identidade.

Sem querer entrar no domininio da psicánalise, verificou-se no último mês , uma mudança de imagens de perfis no facebook, para personagens de desenhos animados de um passado mais ou menos recente ou até actuais...Como se buscasse um ego ou alter-ego ...O mesmo acontece nos jogos on-line das mesmas redes banalizados em imagens e lugares comuns...

As tecnologias visuais evoluem para que o destinatário se torne um agente activo. A imagem dessacralizou-se do quadro de um pintor, da tela de cinema, do ecrã da televisão...

A arte visual tornou-se um produto de massas. Andy Warhol, com as suas séries de "Marilyn Monroes "antecipou a replicação da imagem, reproduziu o seu significante mas sem significado...

É o que acontece hoje , vivemos cheio de imagens mas sem perceber que a imagem só vale se perdurar na nossa memória!...E que sem memória não há lugar ao imaginário, nem à criação de beleza e arte!..

Um pouco de Kubrick para viajar...

http://www.youtube.com/watch?v=sQA1aAJctEU&feature=related


http://www.youtube.com/watch?v=GdrqeAKNLM8&feature=related

Sem comentários:

Enviar um comentário