Sofia Arlete pintava os lábios, todos os dias, antes de sair de casa. No seu topo de gama acelerava, pela linha, com os cabelos ao vento. Tirava uma fotografia com o instagram. Bebia um café imprevisto na montra de uma pastelaria francesa. No seu i –pad , sabia tudo sobre o mundo à distância , só com um dedo, por vezes, cheio de creme . Sofia era dona de um jardim zoológico , onde espécies exóticas e ridículas, se pavoneavam . Naquele dia, Arlete e seus mariachis ornitológicos , tiravam fotos às jaulas para publicitar o seu negócio. Mostravam os animais , nas mais variadas poses, em estilos replicados e rematados com frases feitas. Todos os dias era carnaval pelo jardim de Arlete. Os macacos bebiam champagne e as araras molhavam o bico em caviar. Já tarde, sobre um véu escuro, Sofia Arlete regressa a casa. A selva ficava para trás ,encerrada a sete chaves. Tira a peruca e a todo custo, retira a tinta dos lábios, as marcas do corpo. As da alma permaneciam. Eram impossíveis de apagar e insusceptíveis de ficar na lente de qualquer instagram.
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