quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

Como o totalitarismo entra nas casas dos bons cidadãos e os anestesia...


 

George Orwell e Ray Bradbury  alertaram que os livros poderiam ser proibidos. Como não foram, nas sociedades ocidentais, pelo menos, ninguém os lê e os cidadãos utilizam o seu tempo na busca de informação instantânea na internet.  Como todos iriam notar  a censura da informação , que Orwell preconizava ,seria demasiado visível, nada como inundar os cidadãos de informação. O excesso de informação leva a que as pessoas se tornem acríticas, passivas e egocêntricas , e por isso, o excesso converteu-se em défice.

Estando, constantemente, em rede,  as pessoas buscam ser parecidas umas com as outras: colocam as mesmas imagens, não emitem opiniões  desagradáveis, promovem a hipocrisia cibernética , não interagem substancialmente , “alikendo-se”, procuram seguir as correntes dominantes na busca da fama, glória, dinheiro, sucesso e imagem , que a sociedade de  consumo promove, bem como  adoram as suas “ vacas sagradas”,  grandes lideres na promoção do ter em vez do ser, da visibilidade mediática , da validação da corporação e do corpo. Promove-se a eficácia e a performance, contra a axiologia e o relacionamento humano, densificamente relevante . 

Em Orwell, havia um big brohter. Em Huxley , todos controlavam todos pelo nivelamento de comportamentos, substituindo  o princípio da realidade pelo do prazer, criando uma sociedade estupidamente e artificialmente feliz, alienada , leviana e fútil.

Em Aldous Huxley , o prazer era uma arma de domínio . Em Orwell, a dor e a subversão da linguagem um instrumento de controle.

Os sistemas comunistas e fascistas ruíram porque foram demasiado orwellianos. Os sistemas capitalistas dominam o mundo porque o controle é feito por indução de camadas de bem –estar, sendo a tecnologia o catalisador de comportamentos, atitudes e padrões de vida;

Enquanto os cidadãos estão distraídos, o sistema capitalista e consumista  vai-lhes retirando energias vitais. Olhando para o umbigo, os cidadãos vão-se desintegrando,  no foro pessoal, social e relacional. O sistema vai gerindo os recursos e quando o exponencial crescimento da população mundial levar a que sementes e água sejam privatizados, os cidadãos vão sentir fome e sede. Serão obrigados a levantar-se das suas adições tecnológicas , lutar pela sobrevivência e perceber que nessa altura a sociedade orwelliana voltará . A história vai repetir-se …

Tudo porque enquanto o prazer induzido for superior à dor infligida, toda a transformação da História não passará pelo Povo , nem por qualquer mecanismo democrático…

Por isso a decadência é um lugar de exílio a que todos tentam fugir com a busca do prazer e bem-estar permanente , renegando a identidade, a  natureza irracional do homem e promovendo o arrepiante medo de existir… As massas , cada vez mais iguais, vivem nas suas Coreias e ninguém as avisa…Mas isso também não é para dizer aqui, que nem “ vaca sagrada” sou…

1 comentário:

  1. Nunca li Orwell ou Huxley... mas estes autores são suficientemente divulgados para sabermos, pelo menos pela rama, o essencial do seu pensamento.

    Achei interessante a dualidade entre o que estes dois autores nos avisam, caro Jon Bagt... e fizeste-me reflectir.

    Vou passar a seguir-te.
    Giuseppe
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